A entrevista deste mês é a Sra. Vera Teresinha Lucas dos Santos. Ela nasceu em 24 de março de 1959. É mãe de dois e filho e avó de uma neta, trabalha como motorista desde 1990. 

Quando iniciou a profissão de motorista e quais fatores motivaram esta escolha?

Comecei em 1990, com transporte escolar, com uma Kombi. Depois, trabalhei em empresas que trabalhavam com licitações, como correios. Inclusive na empresa que trabalhava eu era a única motorista que tinha carteira de categoria D.

Vera também nos contou que decidiu iniciar nesta profissão, pois nunca foi de seguir as normas da sociedade, buscou fazer coisas diferentes e não teve outra profissão. Ela sempre se identificou mais com o seu pai, foi ele que ensinou ela dirigir e comprou seu primeiro carro.

Sofreu algum preconceito, já que esta é uma profissão mais exercida por homens?

Em 2005 quando trabalhava no “azulzinho”, lembro que tinha um senhor que se eu estivesse dirigindo ele não entrava. Mas fora isso, muito pelo contrário, os colegas da primeira empresa grande que eu trabalhei nunca me descriminaram.  Existe muito respeito deles comigo, me tratam de forma especial, e normalmente quando durmo na estrada, eu fico em alojamentos com outros homens, e nunca tive problema com falta de respeito.

Ela comenta que normalmente, por ser mulher, chama a atenção, principalmente no caminhão. Mas sempre teve uma boa receptividade vinda dos colegas de trabalho, nunca teve problemas. E também nunca teve grandes problemas na estrada, e quando teve a empresa dava seguro total. Vera relata que foi assaltada a mão armada na estrada, isso aconteceu em 2006, mas os assaltantes não encontraram o que queriam e foram embora.

O que você acha que precisa melhorar na profissão de motorista? 

O problema maior não é meu, por eu ser mulher, mas no geral, as empresas deveriam investir mais nos profissionais, dar um respaldo maior. Por exemplo, dar mais assistência para o motorista conhecer melhor o carro que dirige para detectar problemas se acontecerem. Normalmente a empresa não dá essa assistência, quer o seu trabalho sem te dar nenhuma qualificação.

Também deveria melhorar a questão do horário, trabalhamos em cima do relógio, e de prazos com uma carga de trabalho além do que podemos trabalhar. 

Alguma viagem te marcou mais?

Cada viagem é diferente. Às vezes indo para o mesmo lugar que tu já foi, pode encontrar na estrada um amigo que não via há muito tempo e parar para tomar um café. O lugar mais bonito que já fui a trabalho foi a Salto do Jacuí onde tem as hidrelétricas, um lugar perto de Santa Maria.

E sobre o Sitracover, quais os melhores benefícios que Sindicato proporciona para você e sua família?

Atendimento odontológico e outros benefícios básicos. O que eu gosto do Sindicato é a disponibilidade para tirar dúvidas. Se eu tenho alguma dúvida sobre acidentes de trabalho ou perícia eles estão sempre à disposição.

O que acha da gestão atual do Sitracover? Quais as mudanças percebidas nesse tempo de associada?

A própria sede. Antes era num lugar bem pequeno, a minha primeira rescisão eu fiz lá na primeira sede.

Quais são seus planos para o futuro? Vai continuar atuando como motorista?

Se fosse pela minha mãe eu ficava em casa guardada, mas os meus filhos me apoiam e acham o máximo o que eu faço. Não penso em parar agora.